segunda-feira, 29 de março de 2010

Eu quero esse pôster # 6


Um belo poster para uma poesia em forma de cinema: "Luzes da Cidade". Obrigado, Charles Chaplin! Gênio Eterno!

quinta-feira, 25 de março de 2010

Oscar 2011 (isso mesmo)!


Mal foram entregues as estatuetas do Oscar 2010 e Tom Sherak, presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, anunciou que a cerimônia do Oscar 2011 acontecerá em 27 de fevereiro.

Os indicados serão anunciados em 25 de janeiro e os prêmios técnicos e científicos serão entregues no dia 12 de fevereiro.

O Globo de Ouro 2011 também já tem data marcada e acontecerá no dia 16 de janeiro, portanto antes mesmo das indicações ao Oscar serem divulgadas. Isso é que é planejamento!

Musas do Escurinho #13


A beleza histórica e impactante de Claudia Cardinale, uma daquelas divas inesquecíveis!

domingo, 21 de março de 2010

Um Sonho Possível



Filme de "mensagem" funciona

Há alguns anos, na década de 90, Julia Roberts, então uma das queridinhas de Hollywood, levou o prêmio da Academia por sua atuação em “Erin Brokovitch”, um daqueles casos em que o prêmio é dado não pelo grande desempenho de uma atriz, mas por sua importância para a indústria. Agora em 2010, tivemos Sandra Bullock ganhando o Oscar por este “Um Sonho Possível”, em outra premiação que teve como critério a importância que a atriz tem para os businnes. Afinal, “The Blind Side” tornou-se um grande sucesso de bilheteria (mesmo que provavelmente apenas pelo fato de que o público USA adora o esporte que é um dos motes do longa), o maior da carreira da atriz, que ainda em 2009 emplacou outro sucesso, a comédia romântica “A Proposta”. Todavia, é possível afirmar que Bulllock, se não tem um desempenho excepcional, atua de forma competente no longa (diferentemente de Roberts, no citado “Erin Brocovitch”, em que apenas repetiu o papel que já vinha fazendo há um certo tempo).

Ela interpreta Leigh Anne Tuohy, socialite conservadora (ela faz parte do partido republicano e afirma que anda com uma arma na bolsa) que acaba acolhendo em seu lar o jovem negro Michael Oher, um adolescente sob tutela do Estado que já havia passado por vários lares e possuidor de um triste histórico (ele não conheceu o pai e a mãe era viciada em drogas). Baseada em fatos reais, a trama nos mostra que Michael, após se sentir acolhido em uma família, descobre sua vocação, decorrente também de seu porte físico, para o futebol americano, esporte que até hoje, para a grande maioria dos brasileiros, mostra-se esquisito e truculento, mas que desperta uma paixão enorme nos EUA. Contudo, mesmo tendo por base um material verídico, resta claro que o diretor John Lee Hancock, que também foi o roteirista, optou por apresentar uma versão maquiada e trabalhada para as grandes massas.

Primeiramente, Oher é apresentado como um grandalhão manso, forma estereotipada com que os negros muitas vezes são mostrados no cinema americano (desde os tempos de “...E O Vento Levou”), especialmente quando as tramas são ambientadas em regiões marcadamente racistas (aqui, a história se passa em Memphis). Leigh Anne nos é mostrada como a branca caridosa, que vive na riqueza, mas se preocupa com os desfavorecidos. Não quero entrar no mérito das atitudes da verdadeira Leigh Anne, mas há um trecho jogado no roteiro em que seu marido comenta que a protagonista “só pensa nos outros e em como ajudar os outros”, o que acaba se tornando cínico quando no lembramos do luxo em que vivem (há um sofá na sala que custa 10.000 dólares).Indiretamente, parece que a personagem acaba buscando na caridade uma forma de redimir a culpa por ser rica. Também parece haver jogo para a plateia quando o longa mostra que Oher só se torna um bom jogador quando passa a entender que seu time é uma família que precisa proteger. Não soa verídico, além de apelar para ideias típicas da vertente conservadora americana (“pátria e família”). Aliás, parece notável que o Oscar deste ano prestou homenagens póstumas à era Bush (basta lembrar de “Guerra ao Terror”, o grande premiado da noite). Há também muito jogo para a torcida na relação estabelecida entre Oher e seu irmão postiço S.J. (Jae Head), muito embora não seja improvável.

Por outro lado, apesar dos citados artificialismos, não se pode negar que o filme passa redondo e que não é desagradável vê-lo. Bullock, como dito acima, vai além do que já tinha feito até agora em sua carreira (além de estar especialmente bela), 90% pautada em comédias românticas. Quinton Aaron, como o grandalhão Michael também convence. E é verdade que o caráter conservador que possa ser apontado na produção não é em si um demérito. Como já apontei em outras oportunidades, cada cineasta coloca em sua produção uma visão de mundo e uma obra não se torna menor que outra por ser de “direita” ou de “esquerda”, “conservadora” ou “progressista”. “O Nascimento de Uma Nação” é tão importante quanto “O Encouraçado Potenkim” também é para a história da sétima arte. E isso vai mesmo como uma patada em certos críticos de cinema que, com uma sociologia de botequim, querem desmerecer uma obra apenas por não concordarem com o ideário nela presente. Além disso, por mais que não se tenha simpatia pelo Partido Republicano dos EUA (eu não tenho), não se pode negar que Leigh Anne Tuohy realizou um ato de coragem e humanidade ao acolher Oher em sua casa. O hoje ídolo da NFL (a liga profissional do futebol americano) realmente deve muito à sua protetora (ela, de fato, se tornou guardiã legal do rapaz). E não deixa de ser curioso que o filme, apesar de certo conservadorismo, transmita uma ideia que quebra o conceito do self-made man estadunidense: ninguém se faz sozinho, todos nós precisamos de ajuda em algum momento de nossas vidas, “mensagem” já presente no título em inglês (1).


Cotação: * * * (três estrelas)
Nota: 7,5

(1) O tal “lado cego” do título diz respeito às características do futebol americano. Quando o quarterback, que é o lançador, se prepara para fazer o passe, é necessário que outro jogador o proteja contra os ataques adversários, o chamado Left Tackle, função que é hoje desempenhada por Michael Oher em seu time.

quinta-feira, 18 de março de 2010

"À Prova de Morte" finalmente no Brasil


Imagino que ninguém esperava mais assistir a "À Prova de Morte" (Death Proof), o filme de Quentin Tarantino que fez parte do projeto "Grindhouse", em parceria com Robert Rodriguez (pelo menos no cinema ou de forma legal, é bom dizer...). Os dois filmes que compõem "Grindhouse", "Planeta Terror" e "À Prova de Morte", foram exibidos no Festival do Rio e na Mostra de São Paulo, ainda em 2007. Contudo, a distribuidora Europa Filmes adiou ano após ano o lançamento do filme de Tarantino no circuito comercial brasileiro. Agora "À Prova de Morte" finalmente vai sair - só que por outra distribuidora.

Os direitos que estavam com a Europa expiraram - na época, a distribuidora teve receio de lançar "À Prova de Morte" devido ao retorno abaixo do esperado que teve com "Planeta Terror" - e a PlayArte se antecipou agora para comprá-los. E já marcou a estreia para o dia 23 de julho.

Exibidos nos EUA na sessão dupla Grind House, os filmes de Robert Rodriguez e Tarantino foram separados e reeditados para o lançamento no resto do mundo e, se é que serve de consolação, devemos ver o longa com alguns minutos a mais do que a versão exibida para os americanos. Antes tarde do que nunca...

domingo, 14 de março de 2010

Ilha do Medo

Um filme de Martin Scorsese!

Creio que é dispensável realizar um apanhado da importância de Martin Scorsese para o cinema. Ele é um dos grandes gênios ainda em atividade no cinema norte-americano atual, provavelmente sendo igualado apenas por Clint Eastwood e Steven Spielberg (alguns poderiam citar Francis Ford Copolla, mas a verdade é que este há muito tempo não realiza uma grande obra). Scorsese é como um vinho de qualidade: o tempo passa e só refina as suas nuances. Não concordo com aqueles que afirmam que Scorsese teve a sua melhor fase nos idos dos anos 70 e 80. É verdade que “Taxi Driver” e “Touro Indomável” são obras-primas viscerais e essenciais. Entretanto, são filmes que não dialogam com o grande público, requerendo um paladar mais apurado para que sejam devidamente apreciados. Talvez uma das características adquiridas por Scorsese, nos tempos em que se dedicou a ganhar um Oscar, tenha sido justamente uma maior facilidade de atingir as massas. E não acredito que isto trouxe malefícios à sua carreira. Pelo contrário. Realizar filmes autorais admirados por milhões deve ser o sonho de ouro de qualquer cineasta.

Este “A Ilha do Medo” é um perfeito exemplar do que se pode chamar de um filme autoral com apelo popular. Estão lá presentes vários dos motes que marcaram a trajetória do diretor: a solidão do indivíduo diante de uma realidade inóspita; as dúvidas sobre sua própria sanidade; as suas convicções que desafiam as convenções postas. Todos os personagens de Scorsese, antes de tudo, são grandes solitários. Basta lembrar de alguns de seus longas mais conhecidos para constatar essa assertiva (seja nos já citados “Taxi Driver” e “Touro Indomável”, seja nos longas mais recentes com Di Caprio, como “O Aviador” e “Os Infiltrados”). E solidão é um dos elementos identificadores de Teddy Daniels (Leonardo Di Caprio, cada vez melhor), policial federal que, procurando solucionar um crime, acaba indo à ilha Shutter, na qual se localiza um sanatório para doentes mentais criminosos. Acompanhado do parceiro policial Chuck Aule (Mark Ruffallo, sempre eficiente), ele também está buscando explicações para fatos que envolvem sua vida pessoal, especialmente a morte de sua esposa, Dolores (Michelle Williams). Teddy mergulha então num emaranhado de estranhos acontecimentos que vão levá-lo a dúvidas sobre a veracidade do que está acontecendo. Será tudo verdade ou obra de sua mente, que parece, em várias ocasiões, vacilante?

Engenhosamente, o roteiro, baseado no livro de Dennis Lehane e adaptado por Laeta Kalogridis, mergulha o espectador também nessa dúvida. Há várias passagens na projeção em que não sabemos se estão ou não acontecendo realmente na trama. E essa dúvida, bem como a tensão constante do filme, são realçadas com a direção magistral de Scorsese, o qual, desde o princípio, já estabelece o clima desejado através de uma trilha sonora sinistra e marcante. Este início, por sinal, remete bastante ao princípio de “O Iluminado”, de Kubrick, e as referências são uma constante no trabalho. É sabido que Scorsese é um dos mais profundos conhecedores do cinema mundial e que suas obras sempre possuem vários elementos pesquisados com afinco na história da 7ª arte. E, além das auto-referências, é possível encontrar ecos do cinema noir neste “Ilha do Medo”, com especiais momentos de Jacques Tourneur. Interessante notar, ademais, como cada sequência, cada quadro, parece ter sido milimetricamente pensado para gerar alguma reação no espectador e nunca neguei que a força do cinema imagético causa especial impressão em mim. Várias são aquelas cenas que remetem a pesadelos, mesmo quando o personagem de Teddy não está sonhando. A atmosfera lúgubre é complementada por uma fotografia adequada e a edição sempre precisa de Thelma Schoomaker, a velha colaboradora de Scorsese.

Por outro lado, se em seus últimos trabalhos o diretor havia se dedicado a traçar as linhas de formação de sua nação, os Estados Unidos, aqui sua grande preocupação parece ser as angústias e tormentos de um homem, muito embora também esteja latente a insinuação de que tais angústias podem ser fruto de um sistema (comparações com campos de concentração acabam se tornando claras). O personagem de Teddy empreende uma busca para saber se os fatos que redundam em suas desventuras na ilha do título são fruto de sua imaginação, consequência de seus atos ou uma elaboração daqueles que detêm o poder na ilha. Tal busca/investigação, que é o cerne da trama, é mais interessante do que as possíveis conclusões.

Alguém já disse que a formulação de uma pergunta é mais importante do que sua resposta e a verdade é que, diante das muitas perguntas com as quais se pode sair da sessão, somente uma merece realmente ser respondida: “Ilha do Medo” é um ótimo filme, trazendo um Scorsese em sua melhor forma, um suspense que via além do mero susto para trazer questões pertinentes. Creio que você não permanecerá indiferente a essa bela experiência.


Cotação: * * * * * (cinco estrelas)
Nota: 10,0

quinta-feira, 11 de março de 2010

Corey Haim: 1971 - 2010


Se você viveu os anos 80, deve se lembrar deste rosto acima. Ele é Corey Haim, uma das estrelas dos filmes adolescentes oitentistas, os quais se tornaram verdeiros clássicos da "Sessão da tarde". Haim foi encontrado morto ontem, 10 de março, aos 38 anos, em seu apartamento, sendo provavelmente mais uma vítima de overdose. Haim começou a ter problemas com drogas desde quando despontou em "Os Garotos Perdidos", filme que antecipou a atual onda de vampiros adolescentes nos cinemas. Contudo, o filme que mais me marcou com o então jovem astro foi "Sem Licença Para Dirigir", comédia realmente hilária dirigida por Greg Beeman sobre um garoto tentanto obter sua carteira de habilitação. No filme, Haim atuou ao lado de seu grande amigo e xará Corey Feldman, o qual concedeu uma entrevista ao programa de Larry King afirmando que Hollywood virou as costas para o amigo. Feldman também afirmou que Corey Haim vinha se dedicando muito à sua mãe, que está sofrendo de um câncer de mama. Os dois estrelaram, em 2006, o reality show "The Two Coreys", cancelado após duas temporadas devido aos problemas de Haim com as drogas. Mais um dos tristes fins para estrelas jovens do cinema americano...

segunda-feira, 8 de março de 2010

Em briga de marido e mulher...

A seguir, cenas dos ex-casados Kathryn Bigelow e James Cameron durante a 82ª cerimônia de entrega do Oscar. Tirem suas próprias conclusões, mas lembrem, como diz o ditado, em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher!


(Olhem a cara da Bigelow depois que "Avatar" recebeu o prêmio de melhor fotografia...)




Oscar 2010 - Comentários sobre a premiação

Bem, esta foi uma das melhores cerimônias do Oscar dos últimos anos. Em nenhum momento a apresentação se tornou maçante e várias foram as passagens de grande emoção ao longo das três horas e meia da entrega de prêmios. A apresentação por Steve Martin e Alec Balldwin foi bastante divertida e, pasmem, estou com pena do Balldwin ter se aposentado da telona, pois parece que ele finalmente encontrou seu timing cômico ideal. Já Martin parece ter voltado aos velhos tempos de humor politicamente incorreto. E a paródia que os dois fizeram de “Atividade Paranormal” foi simplesmente impagável. A Academia vem acertando com os últimos apresentadores e seria muito bom que repetisse essa dupla na próxima entrega. Agora, vamos comentar um pouco dos pontos de maior destaque de uma edição com algumas surpresas.

Os prêmios de atores coadjuvantes foram bastante previsíveis, com Christoph Waltz (o único prêmio para “Bastardos Inglórios”) e Mo’Nique (“Preciosa”) levando a estatueta. Ambas muito merecidas. Contudo, o melhor discurso foi o da atriz, sendo inclusive aplaudida de pé pelos presentes. Um papel forte, sem concessões, cujo único resultado deveria ser o careca dourado.

Continuando a falar das atuações, a Academia repetiu a fórmula este ano de, nas categorias de melhor ator e atriz, colocar figuras que já tiveram relações profissionais ou de amizade para fazer um discurso enaltecendo as qualidades dos indicados. Talvez a melhor dessas falas tenha sido a de Oprah Winfrey sobre Gabourey Sidibe. Uma menina obesa e negra, saída do nada, e que agora estava ali, “disputando o mesmo prêmio com a Meryl Streep”, nas palavras da Oprah. A garota chorava com as lágrimas escorrendo. Não é pra menos. Um verdadeiro sonho de Cinderela que se assemelha muito aos sonhos da Preciosa do filme. Momento realmente emocionante, mesmo que ela não tenha levado o prêmio. Prêmio este que foi para Sandra Bullock, por sua atuação em “Um Sonho Possível”. Não gostei. Não tenho nada contra a Sandra Bullock, mas já está ficando chata essa história de Meryl Streep ser indicada todo ano e não levar. Sua interpretação em “Julie & Julia” foi perfeita e seria justo que levasse a estatueta. Quanto a melhor ator, deu mesmo a lógica. Jeff Bridges levou por “Coração Louco”, também sendo aplaudido de pé. “Coração Louco” acabou levando ainda o previsível Oscar de melhor canção (“The Weary Kind”).



Outro momento marcante da noite e, de certa forma, fora das previsões, foi a premiação de “Preciosa” na categoria de melhor roteiro adaptado. “Amor Sem Escalas” já tinha levado vários prêmios por seu roteiro, inclusive o do sindicato dos roteiristas. O vencedor, Geoffrey Fletcher, parecia tão desnorteado que seu discurso saiu trôpego, pois ele não aparentava não saber muito bem o que falar. De qualquer forma, uma boa surpresa. Por outro lado, não gostei da entrega do prêmio de roteiro original para “Guerra ao Terror”. Pelo visto, a problemática levantada pelo sargento americano, que se diz o verdadeiro desarmador de bombas retratado no filme, foi lançada depois que os votantes já haviam entregado suas cédulas. Ficou uma sensação de que a estatueta não está em boas mãos. E, na minha opinião, independentemente da polêmica, o prêmio estaria em mãos muito melhores se fossem as de Quentin Tarantino, por seu ótimo roteiro para “Bastardos Inglórios” (filme mais injustiçado da noite).

Mark Boal, premiado pelo roteiro de “Guerra ao Terror”, ainda iria se emocionar (chegando mesmo a chorar), com a entrega do prêmio de melhor direção para Kathryn Bigelow (sabiam que ela tem 59 anos???!!!). Afinal, ninguém iria mesmo imaginar que a oportunidade de se premiar uma mulher nesta categoria seria perdida na véspera do Dia Internacional da Mulher (em boa parte do Globo, inclusive, já era segunda-feira). Aliás, quando escalaram uma mulher, a também diretora Barbara Streisand, para apresentar a categoria, já estava claro como a água quem seria a vencedora. Bigelow, uma diretora realmente capaz, foi aplaudida de pé e não se pode dizer que o prêmio não seja justo. Mas vale frisar um aspecto. Por mais que a divisão entre filmes “femininos” e “masculinos” pareça meio boba, não deixa de ser sintomático que finalmente uma mulher tenha sido premiada dirigindo uma obra com nuances tipicamente masculinas, um filme cheio de testosterona... Filme este que, por fim, levou o prêmio de melhor longa do ano, derrotando o super-blockbuster “Avatar”. Foram ao todo 6 estatuetas para o filme de Bigelow (venceu ainda em mixagem de som, efeitos sonoros e edição), enquanto o do seu ex-marido levou apenas 3, dentre os quais o mais que óbvio Oscar de efeitos visuais. Os outros foram direção de arte e fotografia, nesta última categoria derrotando o favorito “A Fita Branca”, a produção dirigida por Michael Haneke que já havia levado vários prêmios neste quesito. O filme de Haneke perdeu ainda a estatueta de melhor filme estrangeiro para “O Segredo de Seus Olhos”, filme argentino de Juan José Campanella (não temos como negar que o cinema argentino é melhor que o nosso). Não vi nenhum dos dois filmes, mas fico com a impressão de que a Academia não gosta de premiar longas que foram vencedores de festivais como o de Cannes ou Berlim (há quanto tempo um vencedor destes festivais não vence também o Oscar?). O prêmio foi apresentado pelas marcantes presenças de Pedro Almodóvar e Quentin Tarantino.


No fim das contas, ao se fazer um balanço do confronto entre a modesta produção vencedora de Bigelow e a gigantesca em todos os aspectos de James Cameron, creio que a Academia não foi incongruente com sua história. Na transmissão pelo TNT, o Rubens Ewald Filho afirmou que Hollywood parecia estar dando um tiro no próprio pé ao não prestigiar o seu maior sucesso. Na realidade, vou concordar com a posição do José Wilker, na transmissão da Globo, quando afirmou que o maior prêmio que “Avatar” pretendia era o de ser a maior bilheteria de todos os tempos e isso ele alcançou. É bom lembrar que a Academia não costuma premiar filmes com alto teor de fantasia como o dirigido por Cameron (que aplaudiu de pé sua ex-esposa), sendo o caso de “O Retorno do Rei” uma exceção. E eu vou bater na minha velha tecla: o grande merecedor era “Bastardos Inglórios”. E não se fala mais nisso.

Outros pontos marcantes da noite: 1) A homenagem a John Hughes, o grande diretor dos filmes para adolescentes dos anos 80 (quem não se lembra de “Curtindo a Vida Adoidado”?), falecido ano passado; 2) A inovação na tradicional homenagem aos falecidos no último ano, com o James Taylor cantando “In My Life”, dos Beatles (só esqueceram de citar a Farrah Fawcett entre os falecidos, um mico histórico); 3) A ausência de vestidos ridículos. Pelo menos não lembro de nenhum que tenha me chamado atenção negativamente (as mulheres devem opinar melhor...); 4) A impagável apresentação de Ben Stiller como um autêntico avatar. Vai entrar para os anais do Oscar...

Bem, foi isso. Espero ano que vem estar comentando mais uma vez essa festa que a gente finge não se interessar, mas que ninguém consegue deixar de acompanhar... Segue abaixo a lista completa de premiados.

Melhor Filme
Guerra ao Terror de Kathryn Bigelow, Mark Boal, Nicolas Chartier e Greg Shapiro

Melhor Direção
Kathryn Bigelow, Guerra ao Terror

Melhor Atriz
Sandra Bullock, Um Sonho Possível

Melhor Ator
Jeff Bridges, Coração Louco

Melhor Atriz Coadjuvante
Mo'Nique, Preciosa - Uma História de Esperança

Melhor Ator Coadjuvante
Christoph Waltz, Bastardos Inglórios

Melhor Filme Estrangeiro
O Segredo dos Seus Olhos, de Juan José Campanella (Argentina)

Melhor Animação
Up - Altas Aventuras - Pete Docter

Melhor Direção de Arte
Avatar - Rick Carter e Robert Stromberg

Melhor Fotografia
Avatar - Mauro Fiore

Melhor Figurino
The Young Victoria - Sandy Powell

Melhor Montagem
Guerra ao Terror - Bob Murawski e Chris Innis

Melhor Maquiagem
Star Trek - Barney Burman, Mindy Hall e Joel Harlow

Melhor Trilha Sonora
Up - Altas Aventuras - Michael Giacchino

Melhor Canção Original
The Weary Kind, Coração Louco - Ryan Bingham e T Bone Burnett

Melhor Roteiro Original
Guerra ao Terror - Mark Boal

Melhor Roteiro Adaptado
Preciosa - Uma História de Esperança - Geoffrey Fletcher

Melhores Efeitos Visuais
Avatar - Joe Letteri, Stephen Rosenbaum, Richard Baneham e Andrew R. Jones

Melhor Edição de Som
Guerra ao Terror - Paul N.J. Ottosson

Melhor Mixagem de Som
Guerra ao Terror - Paul N.J. Ottosson e Ray Beckett

Melhor Documentário
The Cove - Louie Psihoyos e Fisher Stevens

Melhor Documentário em Curta-Metragem
Music by Prudence - Roger Ross Williams e Elinor Burkett

Melhor Curta-Metragem
The New Tenants - Joachim Back e Tivi Magnusson

Melhor Curta-Metragem de Animação
Logorama - Nicolas Schmerkin



sábado, 6 de março de 2010

Oscar 2010 - Palpites


Estamos na véspera da maior festa do cinema (na verdade, é a maior mesmo...) e aqui seguem minhas apostas para a premiação. Isso é um exercício inteiramente inútil, mas qual o cinéfilo que resiste a dar seus pitacos? Aqui seguem os meus!

Melhor filme: “Guerra ao Terror” será o premiado. Apesar da campanha negativa que o longa vem sofrendo nos últimos dias (a exclusão de um dos seus produtores da cerimônia e a acusação feita por um sargento de que o roteiro seria baseado em sua vida), acredito que ele será mesmo o premiado. Já levou o prêmio do Sindicato dos Produtores, do qual muitos também votam no Oscar (e é bom lembrar que poucas vezes aconteceu do resultado do Sindicato ser diferente da premiação da Academia). Entretanto, é possível que dê “Avatar”, claro. Mas não devido àquela coisa de a “Academia vai equilibrar e dar o prêmio de direção para um e filme para outro”. Não existe uma “vontade” da Academia, o que existe são campanhas melhores ou piores de seus concorrentes. E é bom lembrar que, quando destes episódios negativos envolvendo o longa de Kathryn Bigelow, muitos já haviam votado. E pode ser também que vários dos votantes concordem com a campanha de prestígio aos filmes independentes, em detrimento daqueles com orçamento de 500 milhões de dólares. Na realidade, essa á categoria mais sujeita a surpresas, pois é a que tem o maior número de votantes (todos votam em melhor filme, diferente das outras categorias, em que apenas os integrantes da respectiva classe votam). O meu voto iria para “Bastardos Inglórios”, longa onde Tarantino mostra que realmente é gênio.

Melhor Diretor: Acho difícil que se deixe passar a oportunidade de, pela primeira vez, premiar uma mulher na categoria de direção. Com certeza servirá de estímulo para que novas mulheres se aventurem nesta função tradicionalmente masculina. Portanto, Kathryn Bigelow, com quase toda a certeza, levará a honraria. E se ela for premiada, considero justo, assim como o será se for James Cameron ou Tarantino.

Melhor Ator: O premiado será Jeff Bridges (por “Coração Louco”), ótimo ator bastante querido e muito bem relacionado em Hollywood. Já tendo sido indicado em quatro outras oportunidades e nunca tendo levado, será difícil não ganhar agora. Já levou o SAG, o que reforça a opinião.

Melhor Atriz: Essa provavelmente é a aposta mais difícil. Tanto pode levar Sandra Bullock quanto Meryl Streep. A primeira tem um certo favoritismo por ter levado o SAG, mas talvez isso não queira dizer muita coisa, pois ano passado Streep ganhou o SAG e não levou o Oscar. A favor de Streep tem o fato desta ser sua 16ª indicação, tendo levado em apenas duas oportunidades. Nas apostas que andei fazendo por aí, cravei Sandra Bullock, mas... Não sei. Tem algo me dizendo que a Meryl será premiada. Vamos ver se meu sexto sentido está aguçado.

Melhor Ator Coadjuvante: Vai dar Christoph Waltz pela sua fenomenal atuação como o coronel nazista Hans Landa em “Bastardos Inglórios”. Já levou todos os prêmios até agora e os votantes do Oscar não vão querer aparecer. Nada mais justo.

Melhor Atriz Coadjuvante: Vai dar Mo’Nique, por “Preciosa”. Mesma situação de Waltz. Já levou muitos prêmios e deve levar mais esse.

Roteiro Original: Outra categoria complicada. Recentemente, “Guerra ao Terror” levou o prêmio do Sindicato dos Roteiristas, mas na ocasião ele não concorreu com “Bastardos Inglórios” (não sei exatamente o porquê). Ademais, as acusações do tal sargento, que afirma ser o desarmador de bombas que inspirou o filme, podem ter afetado o voto dos retardatários. Creio que o vencedor será “Bastardos Inglórios”. Todo mundo gosta do Tarantino e seria uma boa forma de premiá-lo. E o filme merece!

Roteiro Adaptado: Vai dar “Amor Sem Escalas”. Jason Reitman é uma figura muito bem vista hoje no meio e seria uma boa forma de não fazê-lo sair de mãos vazias. Além disso, o filme já levou muitos prêmios prévios nesta categoria, mesmo tendo um roteiro que tem lá seus problemas. De qualquer forma, é uma obra interessante.

Melhor Animação: Quem duvida que vai dar “Up”?

Melhor Filme Estrangeiro: Deve ser “A Fita Branca”, filme de Michael Haneke que levou a Palma de Ouro no último Festival de Cannes. Contudo, esta não é uma categoria muito previsível, pois muitas vezes o premiado não é o favorito. Todavia, é bom lembrar que ele é o único dos longas estrangeiros que está indicado em mais de uma categoria, o que costuma render votos.

Melhor Fotografia: Muitos podem apontar logo “Avatar” como o vencedor nesta categoria, mas a verdade é que “A Fita Branca” ganhou recentemente o prêmio da Associação dos Diretores de Fotografia, sendo que raramente este prêmio foi concedido a um filme estrangeiro. Se ganhar, não será surpresa e estou com a sensação de que será mesmo o filme de Michael Haneke o vencedor.

Melhor Edição: Muito embora o favorito seja “Guerra ao Terror”, há uma grande possibilidade de dar “Avatar”.Mas acho que vai dar “Guerra ao Terror” mesmo Qualquer um dos dois estará em boas mãos.

Melhor Trilha Sonora: Provavelmente, “Up” vencerá esta categoria (já até levou o Globo de Ouro).

Melhor Canção: Vai vencer“The Weary Kind” de “Coração Louco”. Afinal, é música country.

Efeitos Visuais: Categoria mais óbvia da noite. Preciso mesmo dizer qual filme será o vencedor?

Direção de Arte: Provavelmente “Avatar” e, se ganhar, é muito justo.

Figurino: “Coco Antes de Channel” está sendo apontado por muitos como o vencedor, pois seria uma forma de honrar a memória da biografada. Mas a verdade é que o drama “The Young Victoria” já levou alguns prêmios, inclusive o BAFTA. E, com frequência, filmes palacianos abocanham esta categoria.

Melhor Documentário: Vai ser “The Cove”, já premiado pelo Sindicato dos Produtores.

Bom, esses são apenas meus palpites. Vamos ver o que será amanhã! Na segunda-feira, comento os resultados aqui. Até lá!

quinta-feira, 4 de março de 2010

"Guerra ao Terror": as polêmicas continuam...


E as polêmicas envolvendo “Guerra ao Terror” se multiplicam. Esta semana, tivemos a exclusão do produtor Nicolas Chartier da festa do Oscar, devido à sua campanha que feriu as regras da Academia ao denegrir um dos concorrentes. Ele não poderá participar da cerimônia nem mesmo como convidado em conseqüência de seus e-mails em que atacava um certo “filme de 500 milhões de dólares” (como você pode ver na notícia postada mais abaixo). Agora, os produtores serão processados por Jeffrey S. Sarver, sargento do exército americano que acusa o longa de usar a sua história sem autorização. Segundo Sarver, o roteirista Mark Boal teria publicado uma matéria na Playboy americana relatando o seu dia a dia em Bagdá, matéria esta que serviu de base para o roteiro do filme. Ademais, Sarver afirma que foi o criador da expressão “hurt locker” do texto original (algo como “armário da dor” em português). A distribuidora do filme, a Summit Entertainment, divulgou nota na terça-feira afirmando que se trata de um "relato fictício" sobre soldados na guerra do Iraque. É... Parece que notoriedade trouxe algumas dores de cabeça para a equipe deste bom longa-metragem.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Cadê os filmes do Oscar?

(Poster da nova comédia romântica com Jennifer Aniston, mas... onde estão os filmes do Oscar?)



Hoje, acessei os sites das duas redes de multiplexes que possuem 14 salas em Natal. Pra que? Eu tinha a esperança de que pelo menos um dos indicados ao Oscar, que tiveram sua estreia recentemente em circuito nacional, estivesse entre os filmes a serem exibidos neste próximo fim de semana. Mas a expectativa foi em vão. Os exibidores locais simplesmente vão aumentar o número de filmes em cartaz com a palavra "amor" no título (dois deles com a Jennifer Aniston), mas nada dos longas indicados pela Academia como "Preciosa" ou "Educação" darem o ar da graça em terras natalenses. Parece até que já estamos na semana do dia dos namorados, tamanha a profusão de comédias românticas. Eu sou daqueles que defendem a ida do espectador às salas de cinema. Mas, diante de tanta falta de neurônios entre os exibidores locais, vou acabar por aderir ao download ilegal como forma de ver os filmes que são esquecidos nesta Cidade do Sol. E depois reclamam da pirataria...